
Está, definitivamente, numa fase alegre. Não canta músicas para gordinhas, não dedica mensagens para Maria Rita e nem pronuncia a palavra proibida de "Que tudo mais vai para o..." --embora tenha afirmado na coletiva que estava trabalhando na questão do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo). Dessa vez a sedução tem um acréscimo: a presença de Tom Jobim, que o artista homenageou ano passado, em parceria com Caetano Veloso, com uma série de shows-tributo ao cinquentenário da bossa nova.
Se apresentadas, claro, com uma palavrinha doce, típicas do Rei: "Olha, estar aqui com vocês em alto-mar é realmente uma onda", diz, entre gritos de "lindo!" e "casa comigo".
O próprio ambiente do navio, ancorado em Angra, no Rio de Janeiro, já evoca um ar de majestade. Das escadas aos extravagantes ornamentos, passando pelas gravuras de ninfas, que misturam simbolismo e art déco, e o pano azul fosforescente do palco, tudo no navio parece brilhar. Em todos os cantos --até mesmo no figurino das passageiras, generoso nos tecidos de oncinha-- uma profusão de dourado ofusca os olhos.
Em meio à apresentação, aparecem as novidades no repertório. Primeiro, a inclusão de "Lígia", de Tom Jobim, acompanhada de uma homenagem ao maestro. No fundo do palco, imagens de arquivo relembram o encontro dos dois, em 1979, em um especial para a TV Globo. Tomado pela emoção, o cantor se apressa em apontar este momento como o mais importante de sua carreira.
De marujo a comandante
A segunda novidade é menos erudita. Pela primeira vez desde o nascimento do projeto, há cinco anos, foi servido champanhe em taças de plástico e o público pôde brindar com sua majestade, ao som de "Champagne", de Pepino Di Capri.
Logo depois, devidamente trajado em seu uniforme de comandante de navio (até ano retrasado, era apenas marujo) o Rei ressurge no palco para a parte mais "quente" do show, em que lança rosas para as fãs. Num empurra-empurra enlouquecido, mulheres se acotovelam pelo prêmio máximo.
Ao final, elas levantam as mangas ou sobem as saias para mostrar uma às outras os ferimentos da batalha. Vê-se arranhões, hematomas e roupas rasgadas. Mas também o consolo de ter chegado pertinho do Rei.
"Se você não tem músculo não segura", diz, depois do espetáculo, a paulistana Rosemeire Aparecida Dusico, segurando, com orgulho, três rosas entre os dedos. "Eu estava lá na frente e quase não aguentei a pressão. Mas vale a pena. Se puder, volto lá agora mesmo. Estou em estado de graça".
Por Bolívar Torres
Fonte: Agência JB/Uol
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