
O mais interessante nas 13 faixas do especial é o registro de duas das mais importantes bandas do rock nacional nos anos 80, numa fase em que já haviam atingido certa maturidade, mas ainda estavam no auge do vigor e energia.
Aliando adrenalina extra ao suingue e destreza instrumental incomparáveis entre seus contemporâneos, os Paralamas fazem bonito. Além de sucessos obrigatórios como "Alagados" e "Meu Erro", se dão bem ao trazer o dancehall jamaicano à Bahia em sua versão de "Depois Que o Ilê Passar", do bloco Ilê Aiyê.
Mas quem se beneficia mais com este DVD é a memória da Legião Urbana. Muito associada hoje às rodas de violão em torno da fogueira, às letras piegas do final da carreira e ao culto semi-religioso em torno do vocalista Renato Russo, a banda de Brasília pode ser vista aqui ainda com a pegada forte de inspiração punk e pós-punk que marcou sua melhor fase. As canções mais diretas, como "Tédio" e "Será", se saem particularmente bem nas versões ao vivo, mais cruas e energéticas do que em estúdio.
No final do programa, os dois grupos se unem numa versão épica de "Ainda é Cedo" da Legião, que começa citando a introdução da clássica "Jumpin' Jack Flash", dos Rolling Stones. Herbert Vianna aproveita o ensejo para mostrar que, acima de tudo, é um guitarrista de rock, enquanto Renato Russo presta homenagem aos heróis do rock and roll.
Entre as faixas, o especial traz depoimentos de personalidades da época, alguns interessantes e pontuais, como o do político Fernando Gabeira e outros inexplicáveis como o do ator Tony Ramos. Renato e Herbert também aparecem falando sobre rock e relacionamentos.
Nos extras, quatro apresentações dos Paralamas e três da Legião no Globo de Ouro entre 1984 e 1987, além do antológico clipe de "Que País é Este" feito para o Fantástico, que vale pela mistura de imagens de protesto com o charmoso padrão de edição dos anos 80.
Por Pedro Carvalho
Fonte: Uol
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