
O evento reúne DJs de todo o país para selecionar o melhor "turntabilista". Os participantes têm poucos minutos para fazer as performances --se utilizando de duas pick-ups (toca-discos especiais), um mixer e seus discos-- e são avaliados por suas capacidades de construir batidas, fazer scratches e, consequentemente, empolgar o público. Do júri participam três renomados DJs do estilo.
Ao contrário das eliminatórias, em que os DJ's se apresentavam seguidamente, com três minutos de performance, as finais acontecem no formato "mata-mata", em que apenas o vencedor dos confrontos passa para a fase seguinte. Cada batalha tem dois rounds, com dois minutos e meio no total.
O 4/4, primeiro campeonato de "turntabilismo" nesse formato do país, está apenas em sua segunda edição. O vencedor do último ano, DJ Abade, já está classificado para as finais, mas não nega a pressão. "Dá um nervosismo na hora de tocar, tem que se concentrar muito", diz ele.
O campeonato conta com apoio de prefeitura e governo de São Paulo. Questionado se essa oficialização do hip-hop não pode prejudicar seu caráter combativo, Big Edy nega. "Quer mais protesto do que usar as armas do sistema para se defender?". E explica: "Usar essa ferramenta é devolver às pessoas o que elas pagam. Estamos promovendo a cultura do povo".
A competição ocorre em clima descontraído, com a presença não só de jovens, mas também de adultos e crianças, favorecidos pelo horário.
Nova safra e profissionalização
Segundo Big Edy, existe uma nova safra de DJ's com performances muito diferentes das que se viam antes. O "turntabilismo" surgiu na segunda metade dos anos 80 e se fortaleceu nos 90, com DJ's que vinham das experiências nas pistas.
"Entre os DJ's de hoje, muitos começam direto no 'turntabilismo'. Eles têm muita técnica e trabalhos bem detalhados, mas às vezes falta aquela essência das pistas, aquele 'feeling' do que fazer em cada momento."
Segundo o DJ Abade, que já toca há mais de dez anos, mesmo com uma maior profissionalização da categoria nos últimos anos, ainda não é possível tirar dinheiro com a prática. "Por enquanto, só dá pra ganhar algo discotecando em festas. No 'turntabilismo' tem os prêmios, mas não dá pra viver disso". O vencedor do 4/4 leva um par de toca-discos profissional e um mixer.
Serviço
Onde: Vitrine da Galeria Olido (av. São João, 473, informações: Margem Produções, tel 0/xx/11/7107-5781)
Quando: domingo, a partir das 17h.
Quanto: Entrada gratuita.
Classificação: crianças acompanhadas dos pais
Por Marcos Grinspum Ferraz
Foto: Zanone Fraissat/Folha Imagem
Fonte: Folha Online
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